“Sementes, fibras, conchas, cascas de coco, madeira, bambus e pedras semipreciosas estão entre os insumos usados na produção das peças. Uma biojoia, se não ganha metais preciosos na sua produção, será sempre um acessório produzido artesanalmente. A indústria joalheira contemporânea enriquece os já preciosos metais e pedras agregando em seu design a matéria prima natural. É uma tendência mundial de comportamento e que envolve todos os setores da vida”, explica a artista plástica e designer de biojoias Patrícia Moura, que há oito anos atua neste mercado.
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Nos últimos anos, o conceito de joia sustentável ganhou espaço nas vitrines e nos acessórios escolhidos para valorizar qualquer produção. “A biojoia, em geral, é desenvolvida através do processo artesanal, e é justamente o trabalho manufaturado que agrega ainda mais valor a uma peça produzida com a matéria prima natural. A valorização do trabalho artesanal é comum nos países desenvolvidos e crescente no Brasil, referência mundial na produção de biojoias”, aponta a artista plástica, falando sobre o seu trabalho: “não consigo imaginar uma biojoia se não for produzida a partir do descarte natural, assim como não consigo imaginar um biodesigner que não esteja comprometido com os princípios da sustentabilidade. Esse processo envolve toda uma cadeia produtiva, que se inicia na manutenção dos povos em suas regiões florestais, vivendo da colheita e beneficiamento de sementes não mais germináveis. Posso citar, entre os exemplos, o couro do peixe tilápia, carne consumida no Brasil e cuja pele é um resíduo natural, biodegradável. Porém, se jogada nos rios em grandes quantidades, provoca desequilíbrio ecológico. O coco, tão abundante no Nordeste, é outro exemplo de descarte natural amplamente usado na produção das biojoias”, completa.
“O design é o primeiro agregador de valor. No caso das biojoias, o crescimento é ainda mais significativo pela proposta de sustentabilidade que defende. “O consumidor está mudando, está mais consciente. Há uma crescente preocupação mundial com a matéria prima, com a história, a origem dos produtos e a forma como ele é feito. Isso fará a grande diferença daqui para frente”, avalia Moura.

A designer de biojoias aproveita e se inspira nos ciclos da natureza. “Meu olhar sobre a produção de biojoias está agregado à sustentabilidade e no que a natureza oferece em fartura ou com descartes. Se um material é raro, é porque tem pouco no mercado. Logo, não vou usar. Por exemplo, amo muito os corais. No princípio do meu trabalho com a matéria prima natural usei um pouco, até um dia que entendi que o fundo do mar era o lugar deles, nunca mais usei. Não uso penas de aves para não estimular o tráfico, não uso peles de animais exóticos. É uma mudança natural de comportamento dos que trabalham com consciência socioambiental”, explica Moura, apontando a jarina, semente de uma variedade de palmeira encontrada principalmente no norte da América do Sul (região amazônica) como a rainha das sementes: “não é rara, mas é muito bela, tem sido usada em harmonia com metais e pedras preciosas por joalheiros do Brasil e do mundo. Branca e muito dura, é considerada o marfim vegetal. A melhor parte disso é matéria prima renovável”, finaliza.