Como você queria ser vista? É possível melhorar a imagem pessoal com estratégias

Na era da internet, a imagem pessoal nunca foi tão pesquisada e trabalhada. Afinal, a maioria das redes sociais sobrevive de postagens de fotos e vídeos das pessoas, seus corpos, looks, atividades e uma infinidade de outras coisas. No entanto, será que a imagem que você passa é a mesma mensagem que você quer passar para quem está te vendo ou seguindo?

Pensando nesse nicho, muitas pessoas começaram a procurar por serviços de consultoria de imagem e até de personal stylist. A diferença entre eles é que a consultoria busca trabalhar a imagem como um todo, com análise de tipo de corpo, coloração pessoal, áreas do pessoal e profissional, enquanto que, no personal stylist, tende a procurar looks que estejam em sintonia com a moda ou determinada ocasião, indo mais para um lado criativo.

No entanto, há um novo ramo surgindo nesse segmento, chamado Estratégia de Imagem Pessoal, que combina os estudos existentes sobre o tema com neurociência, semiótica, programação neurolinguística e morfopsicologia. Uma das pioneiras nesse assunto é Clélia Midori, fundadora do Estilo MID.

Como desenvolver a imagem pessoal?

Para ela, grande parte do trabalho de consultoria de imagem está voltado para o aspiracional, como você gostaria de se vestir, de se ver. “No caso da estratégia, a minha procura é por sua essência e quais são os mecanismos que a gente usa para elevar essas características, indo do ‘como você se enxerga’ para o ‘como você deseja ser enxergada’ e ‘como você se sente bem sendo enxergada’, em vários aspectos, não só na parte da moda ou da beleza, mas na perfumaria, na decoração de casa… É um caminho longo e profundo de descobertas”, explica Clélia.

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Um estudo da Universidade de Chicago avaliou a relação entre beleza e remuneração. O estudo constatou que pessoas consideradas ‘bonitas’ podem ganhar até 20% a mais que as outras. No entanto, o ato de se arrumar pode equilibrar esses números. Ou seja, o que pode ser tirado desse estudo é que os seres humanos têm o poder de interferir na maneira como são percebidos e, de certa forma, a imagem pessoal se torna uma grande aliada em vários aspectos, inclusive psicológicos.

Além disso, segundo a psicóloga Amanda Scavassin, a construção da nossa autoimagem começa na infância, com a relação com as pessoas que são nossas referências. “Tudo aquilo que nossos cuidadores e pessoas próximas falam da gente tem uma importância muito grande, pois há confiança da criança para com essas figuras. Então, tudo o que é falado se torna uma espécie de verdade absoluta, algo que se leva para a vida toda, produzindo sentimentos, comportamentos e pensamentos”, comenta ela, que também aponta para as consequências situações traumáticas, que podem dificultar a tomada de decisões na vida adulta.

A nossa relação com a imagem ainda é vista como fútil, porém, pequenas mudanças podem fazer muita diferença
IStock/ SurfUpVector

“Um exemplo é uma criança, em processo criativo, que se veste toda colorida, e vai até os pais, que desaprovam essa escolha constantemente, falando que não está bonito, que está brega, ou qualquer outro adjetivo pejorativo. Na cabeça da criança, aquilo pode tender a ser carregado como ‘certo’, como o melhor a se fazer, bloqueando, muitas vezes, o processo criativo”, expõe Amanda.

Da adolescência para a vida adulta, a imagem ganha ainda mais força, como forma de inclusão social, seja no grupinho da escola ou dentro do ‘código de vestimenta’ de uma determinada profissão. “Normalmente, a falta de cuidado com a aparência é um dos primeiros indícios de que há alguma coisa errada com aquele indivíduo, como uma ansiedade, uma depressão”, pontua a psicóloga.

Muitos especialistas da área de psicologia têm indicado o autoconhecimento por meio da imagem pessoal
IStock / Marina Skobliakova

Atualmente, Clélia trabalha em conjunto com alguns psicólogos e psiquiatras, especialmente com os jovens, que estão sofrendo consequências da pandemia e do uso exacerbado da imagem via redes sociais. “Os adolescentes estão comparando suas imagens de um jeito horrível, na era dos filtros e alterações de foto, por exemplo. Então, surgem os bullyings, traumas e até aumento nos números de casos de depressão e suicídio. Tenho clientes que têm tendências suicidas e estão se tratando comigo, via indicação do especialista”, revela Clélia.

Como fazer a estratégia de imagem pessoal?

Nesse quesito, tudo depende de como o cliente chega para a profissional que vai fazer a avaliação. Se a pessoa está ‘reclamando’ de algo do rosto, normalmente, a morfopsicologia entra em cena. Por outro lado, se o traje está quase sem cor, a ideia é seguir o caminho da coloração pessoal.

Ao longo do processo, que pode durar mais ou menos encontros, de acordo com a linha de trabalho do profissional, a pessoa aprende sobre seus três estilos predominantes, dentro de sete: natural, tradicional, sofisticado, romântico, sexy, criativo e dramático; e qual sua cartela de cores dentro das 12 opções. “Com a experiência clínica, vejo a necessidade de termos não só atenção com a imagem, mas também com o autocuidado, que inclui até lavar os cabelos, escovar os dentes, fora a escolha de peças e acessórios. Essas descobertas são como ferramentas de trabalho, que facilitam nossa vida e melhoram a saúde mental”, explica Amanda.

Com os encontros da Estratégia de Imagem Pessoal, é possível fazer um mergulho em si e aprender como trabalhar melhor
IStock / Rudzhan Nagiev

Para Clélia, a estratégia de imagem é um descamar, indo cada vez mais profundo na história da pessoa, em seu dia a dia e em suas necessidades iniciais. “Um estrategista conduz o caminho, mas não entra nele. É preciso conhecer a personalidade do cliente e suas nuances, para entender quais serão as estratégias e o que ainda precisa ser descoberto. Nós pegamos em pontos cegos, no sentido das sensações que a pessoa tem quando se expõe às cores, texturas, formas e pessoas, por exemplo”, responde a especialista.

Cada pessoa é única, assim como seus estilos predominantes e suas cartelas de cores
IStock /Rinat Khairitdinov

Em uma entrevista de emprego, uma pessoa com estilo criativo vai interpretar o ‘código de vestimenta’ da situação de um jeito, com cores e texturas, para expressar seu senso estético ou crenças; enquanto o estilo dramático tende a ter mais contrastes, preto e branco, passando uma imagem imponente, poderosa, mas, talvez, distante. Essas são, como explica Clélia, algumas das sensações que as pessoas passam e, muitas vezes, não sabem e não pegam para si.

Para as especialistas, o grande ponto da estratégia de imagem é parar, com calma, para olhar diversos aspectos de vida, carreira, objetivos e seus alinhamentos com o que está acontecendo hoje. “Às vezes, as clientes chegam com os looks das famosas e querem aquilo. Mas, o que a tal personalidade vive, pensa, tem de bagagem, sonha? Quase sempre, não é o que a pessoa quer. Então, é um trabalho de autoconhecimento muito profundo, que se desdobra em infinitas formas. É um mergulho num oceano de si”, finaliza a estrategista.

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