Ícone de elegância, Elizabeth usava roupas para se comunicar, ser vista e até como código

Um conjunto monocromático colorido, um chapéu combinando, além de sapatos de salto tipo bloco baixos, e uma bolsa discreta nas mãos. A descrição dos looks mais usados pela rainha Elizabeth II, que morreu aos 96 anos, após 70 anos à frente do trono britânico, pode até parecer simples, no entanto, a figura pequena da monarca jamais será esquecida pelas pessoas.

Ao longo do tempo, com algumas pequenas mudanças em seu estilo, a rainha se tornou um ícone de elegância e um ‘objeto de estudo’ de muitos acadêmicos das imagens. Afinal, mesmo no meio de multidões, não importasse nem onde, nem quando, Elizabeth II era reconhecida e conseguia ‘se misturar’ às culturas locais, sem passar aquele deslumbre de realeza, ao qual fomos acostumados pelos contos fantásticos e desenhos animados de princesas.

https://www.instagram.com/p/CfkBk4pMVFn/

Elizabeth II criou sua marca pessoal por meio do seu estilo

Durante 70 anos de reinado, com diversos compromissos reais na agenda (pesquisadores dizem que o ponto alto já foi cerca de 300 em um ano, quase um total de 21 mil em todo o tempo de serviço), Elizabeth II precisava de um ‘guarda-roupa’ cheio de peças. Porém, percebe-se que, mesmo passando por décadas e suas respectivas tendências, pouca coisa foi absorvida pela rainha, e minúcias foram sendo alteradas conforme o tempo passava.

https://www.instagram.com/p/Ce-q73Ysu6q/

Ela, de certa forma, sabia muito bem o papel que sua imagem passava para o mundo, sem contar que seu autoconhecimento de estilo era impressionante, tanto que acabou criando marcas pessoais, sem precisar se ‘apoiar’ em marcas ou grifes de renome para isso. Especialistas em monarquias comentam que ela precisou ser persistente como rainha, para não passar soberba ou falta de atenção aos súditos. Quando assumiu o trono, aos 25 anos, Elizabeth II compreendeu que não era só uma rainha de imagens, mas, sim, a comandante de uma nação e tinha responsabilidades na mão. “Foram as mulheres que inspiraram gentileza e cuidado no duro progresso da humanidade”, disse ela, em um de seus comunicados.

La Reina Isabel II a través de los años.
Getty Images

Por que tantas cores e quase o mesmo look em todos os compromissos?

Talvez, você nunca tenha parado para analisar os motivos pelos quais ela se vestia com as mesmas peças; ou até, por que sempre com cores vibrantes. A consistência do formato e do estilo, ultra clássico e sofisticado, passava uma sensação de credibilidade, de uma figura que você sempre poderia contar, respeitar e confiar.

Quanto às cores, elas eram uma forma dela ser vista, mesmo em grandes distâncias, pelos súditos e fãs, por onde passava, pois ela sabia do apreço das pessoas e da vontade que tinham de ‘chegar perto da realeza’. “Eu preciso ser vista para ser crível”, disse a rainha.

Indo mais longe, também era uma forma de segurança, pois poderia ser identificada de longe pelos seguranças e agentes, tornando sua saída mais fácil e rápida, em situações de perigo. Seus looks eram seus uniformes de proteção e apresentação, quase como uma lembrança de quando se voluntariou ao serviço militar, durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945, como Segundo Tenente, com especialização em mecânica e pilotagem. Novamente, ela estava a serviço do seu povo.

Muitos memes foram feitos dos looks de Sua Majestade, mas o impacto é ainda maior do que pensamos. Em 2012, nas comemorações de 60 anos, a Pantone, principal empresa de cores no mundo, criou uma cartela dedicada aos tons usados por ela, com descrição de quando e onde ela usou os looks com aquele tom.

https://www.instagram.com/p/CdVzvL2sovu/

Aliás, um detalhe bastante curioso é que ela quase nunca foi vista usando calças, talvez no máximo 10 vezes, pois essa peça era um símbolo de seu ‘guarda-roupa’ privado, usada somente em momentos íntimos. Quando estava de férias e saía para caçar ou ficar com seus cachorros, ela sabia que seria flagrada pelas câmeras, então, optava por conjuntos mais informais, e os clássicos lenços, para substituírem os clássicos chapéus.

https://www.instagram.com/p/CNLZQ6PnCXs/

Os famosos acessórios da rainha Elizabeth II

Como uma pessoa de estilo clássico e sofisticado, a rainha elegeu peças que se tornaram ícones ao longo dos anos, como suas bolsas, seus chapéus, sapatos, e até o guarda-chuva que usava. Ela foi fiel à poucas marcas e manteve um arsenal de itens por décadas, sendo, sempre, melhorados para que ela mantivesse o conforto e pudesse fazer suas tarefas como monarca com facilidade. Seus sapatos, por exemplo, eram quase todos em saltos tipo bloco, com a altura de, no máximo, seis centímetros, que eram feitos sob medida, e já chegavam amaciadas ao palácio. A marca Anello & Davide tinha uma equipe inteira para cuidar desse acessório.

As bolsas eram da marca Launer London, cujos modelos preferidos de Sua Majestade eram os chamados “Royal”, “Turandot” e “Traviata”, cujos preços estão estimados entre 2,8 mil e 3,2 mil libras. Elizabeth II escolheu a grife por volta de 1968, mas, com o tempo, as bolsas foram modificadas, com alças maiores, com forro de seda no lugar de camurça, se tornando mais leves para a rainha carregar.

https://www.instagram.com/p/CWIhMqqMD0W/

Recentemente, foi divulgado o que havia dentro de suas bolsas. O livro Elizabeth the Queen: The Woman Behind The Throne, de Sally Bedell Smith, a autora afirma que eram batom, balas de menta, óculos de leitura e espelho.

Além disso, esse acessório servia como um código de segurança, bem discreto, pois, de acordo com a posição que ela segurava a bolsa, sua equipe sabia se ela precisava de alguma ajuda. Por exemplo: caso a rainha mudasse a bolsa de braço, alguém deveria vir em seu auxílio para “interromper a conversa”.

Em par com as bolsas, a coleção de chapéus era de se impressionar. A maioria deles era feita pela marca Rachel Trevor Morgan, que, dizem os especialistas, eram utilizados para alongar sua silhueta e, por meio das personalizações, passar uma mensagem mais doce ou imponente.

E, por último, os guarda-chuvas também passavam uma mensagem. Assim como os chapéus, vestidos e casacos, até a ‘sombrinha’ eram feitas com as cores combinando com o look. A transparência era, claro, para poder ser vista de qualquer ponto, e as barras de plástico sempre eram da mesma cor da roupa da ocasião. As peças são feitas pela Fulton, uma marca britânica que foi notada pela primeira vez pela rainha-mãe.

https://www.instagram.com/p/CW5dus6sKbW/

Tudo sobre a realeza britânica